FUNERAL DE UM LYRIO
À angelical memória de Judith Barros
Faces brancas que outrora os rosais da saúde
Coloriram de um tom de púrpura e de opala,
E o sol que vive à flor de cada juventude
Aureamente aureolou de uma aurora de gala;
Boca que o leve odor do sonho e da virtude
Trescalava ao soltar os violinos da fala,
Olhos! - astros no brilho e noite na amplitude,
Tudo, enfim, que era dela hoje a morte avassala!
Dos olhos resta a noite, - o amplo olhar apagado,-
A boca se calou na sombra e no mysterio,
E ela as faces velou no lúgubre noivado.
Virgem morta! a envolvê-la em seu leito funéreo,
Só tem ela o palor de um mármore inundado,
Da lividez do luar dentro de um cemitério!...
Emílio de Meneses