Não me Deixes de Gonçalves Dias
NÃO ME DEIXES
Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
A corrente, onde bela se mirava...
“Ai, não me deixes, não!
“Comigo fica ou leva-me contigo”
“Dos mares à amplidão,
“Límpido ou turvo, te amarei constante
“Mas não me deixes, não!”
E a corrente passava, novas águas
Após as outras vão;
E a flor sempre a dizer curva na fonte:
“Ai, não me deixes, não!”
E das águas que fogem incessantes
À eterna sucessão
Dizia sempre a flor, e sempre embalde:
“Ai, não me deixes, não!”
Por fim desfalecida e a cor murchada,
Quase a lamber o chão,
Buscava inda a corrente por dizer-lhe
Que a não deixasse, não.
A corrente impiedosa a flor enleia,
Leva-a do seu torrão;
A afundar-se dizia a pobrezinha:
“Não me deixaste, não!”
Gonçalves Dias
Novos Cantos
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Você se foi...
Um pincel de lábios
Um doce beijo lembrado pela metade
O calor da sua pele
Carne sobre carne
A memória de uma lua de prata
Doce noite carícia
Acordado. Sozinho
Você se foi
Faz muito tempo, anos se passaram
Apenas uma lembrança de um pincel de lábios
Desconhecido
- Poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias
- Mulata fuzarqueira - Noel Rosa
- Se a Morte me chamar, autor desconhecido